sábado, 23 de outubro de 2010

Pensamento intrometido

*post escrito em 19/10 mas, por falta de tempo, só estou postando hoje.




Acordei às 4 da manhã pensando no trabalho. Como no meu último emprego eu vivia estressada, isso era mais normal. Várias vezes eu acordava de madrugada, fazia um chá, às vezes até tomava um calmantezinho e voltava à dormir.
Aqui na China isso quase nunca acontece. Hoje aconteceu.

Não vou ficar analisando ou me preocupando muito com isso, mas espero que não se repita com frequência.
Sei que estou com um monte de coisas na cabeça, mas acho que essa agonia de fim-de-feira (literalmente) tá me afetando.

Mas tenho que confessar uma coisa: não foram só os pensamentos sobre trabalho que me acordaram, mas me peguei pensando no Americano. Gente, eu tô louca? Me falem.

Eu estou super bem com o Bello, mas como essa semana ele tá em Guangzhou e eu estou trabalhando todos os dias com o Americano, deve ser normal, né? Né? Né?!?

De novo, espero que isso não se repita, porque eu estou bem aqui dentro do meu quadrado.


Frô.


P.S.: Já que me perguntaram (e eu vou aqui garantindo o leitinho das crianças), essa semana eu estou produzindo os shows do Ilê Aiyê e Baiana System. Alguém aí precisa de uma produtora cultural na China?

Nota pós-post: o Bello está aqui deitado no meu colo nesse minuto e eu rindo enquanto escrevo o post. Americano quem mesmo?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Marketing Pessoal





Saí em uma revista aqui na China. A revista se chama LifeStyle e a reportagem tem uma foto minha e perguntas sobre o meu trabalho e a minha decisão de vir pra China. É uma revista nova com pequena circulação, mas eu fiquei mó feliz com reportagem.

Conheci o pessoal da revista em um evento. Algum tempo depois eles me ligaram para agendar as fotos e entrevista.

O gozado é que eu sempre recebi críticas sobre o meu marketing pessoal. Sempre ouvi que eu não sei me vender, que eu preciso falar mais para as outras pessoas sobre o meu trabalho e minhas qualidades.

Ok, vejo que ainda tenho muito o que melhorar nessa área, e estou trabalhando nisso. Mas o que eu acho gozado é que às vezes vejo profissionais serem elogiados e até promovidos "apenas" por causa do marketing pessoal. Gente preguiçosa, que não faz o trabalho direito, que não atinge resultados e não cumpre o prometido. Gente boa de 'lábia', de se gabar. Isso me irrita. Me irrita quem não consegue ver 'além' do marketing pessoal.

Como lição de casa para todos nós, 'googlei' algumas dicas para nos ajudar a melhorar o nosso marketing pessoal (as dicas de Carlos Hilsdorf):

- Descubra o ponto mais marcante da sua personalidade e foque na “divulgação” deste seu ponto marcante;

- Vista-se de maneira a que a sua presença seja agradável aos olhos;

- Mostre o seu lado “solucionador de problemas”;

- Dedique-se a superar as expectativas das pessoas;

- Onde a maioria das pessoas fica parada por falta de recursos, IMPROVISE. Use sua criatividade;

- Construa vários networks. Dedique-se a formar diferentes redes de relacionamentos dentro e fora da empresa;

- Cultive sua ética e sua honestidade de forma inabalável. Uma atitude não ética acaba com o seu maior patrimônio – sua integridade.


Até a próxima,

Frô.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Antes de fechar as cortinas


Vista aérea de um pedacinho da Expo


Faltam 24 dias para o fim da Xangai World Expo. O fim do maior evento que eu já participei. No começo eu achava inconcebível um evento de 6 km2, mais de 200 pavilhões de países, cidades e empresas, com 6 meses de duração, por 13 horas por dia, 7 dias por semana e mais de 70 milhões de visitantes.

Você deve estar pensando porque toda essa propaganda (eu respondo - é para o leitinho das crianças). A verdade é que eu já estou sentindo os efeitos do fim. Além de não saber muito bem como vai ser a minha vida depois a Expo - apesar de eu ter um contrato pra ficar em Xangai - o problema é que os meus amigos estão começando a partir.

Hoje fiquei sabendo que um amigo vai voltar para os Estados Unidos no dia 29. Dois dias antes do fim da Expo. "Eu quero ir pra casa", disse ele. Me deu um aperto no coração. "Mas já? A Expo não acabou ainda".

Algumas das brasileiras que trabalham comigo vão embora nesse final de semana. Hoje já tava aquele clima de "estou empacotando tudo" e "vamos manter contato". Clima de adeus. Agora que tá caindo a ficha de que a Expo vai mesmo acabar.

É mais um ciclo que vai se fechando. Espero conseguir realmente manter contato com as pessoas que fizeram diferença na minha vida durante esse projeto. A gente sempre promete essas coisas e com o dia-a-dia isso vai ficando difícil.

Por enquanto vou sacudir essa saudade antecipada porque ainda tenho 24 dias de Expo pela frente, e mais 4 shows pra produzir. Fora o planejamento pra desmontagem e o "passar a régua" em vários assuntos antes de fechar 'o lojinha'.

E volta e meia passando aqui, pra colocar em caracteres o que está dentro desta morada que é a minha cabeça.

Um abraço,

Frô.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Feriado em MeiCheng



Centro de MeiCheng


De volta à civilização. Estou em Xangai, depois de dois dias no interior da China.

MeiCheng fica apenas à 3 horas de distância de Xangai e sei que não se comprara às cidades do interior meeesmo, daqueles lugares em zonas rurais, sem eletricidade ou água encanada. MeiCheng é apenas uma cidade pequena, como essas perto de São Paulo, onde as pessoas dificilmente vêem um estrangeiro e qualquer pequeno acontecimento é assunto para uma semana inteira.

A minha primeira impressão foi boa. Tinha até um pouco de trânsito no centro da cidade, alguns carros bem novos, todas as ruas pavimentadas, e vários bancos, lojas de eletrônicos, supermercados. Mas tudo tinha um ar de anos 80, de vilarejo. O Bello gasta o chinês, falando com a 'bicitaxista', a recepcionista do hotel, as garçonetes nos restaurantes: aqui realmente ia ser difícil viver com inglês e mímica, como faço em Xangai. Ainda bem que o Bello fala um pouco de chinês.

Passeamos de noite no centro de MeiCheng: restaurante super chinês, uma volta no lago, visita ao centro histórico. Tudo bem agradável. Na noite seguinte fomos para a cidade vizinha - de motorista particular já que não tem táxi na cidade e ônibus só sai da cidade em 3 horários, o último às 5 da tarde.

Fomos para Xi'yian. Uma cidade bem maiorzinha, com alguns prédios e duas baladas. Fomos a sensação do restaurante - mais até do que em MeiCheng. Juntou umas 6 garçonetes e a gerente a nossa volta, todas com risadinhas tímidas e curiosas. Eu com todo o meu conhecimento de chinês reconheci que uma perguntava de onde éramos. Um dos clientes veio nos salvar, e falando em inglês nos ajudou a fazer o pedido. Bello estava incomodado, disse que se sentia meio que em um circo, em uma jaula de um zoológico. Eu achava tudo engraçado, mas entendo passar por isso vez ou outra pode ser interessante, mas que morar em um lugar assim e passar por isso todos os dias pode ser um tanto cansativo.

Jantar encerrado, fomos dar uma volta na beira do rio cheio de luz neon (ai, esses chineses e a fascinação por neon). Nos feriados, as pessoas compram pequenos balões e soltam na beira do rio. Eu e Bello compramos o nosso também - "olha o balão, 1 real, quem vai querer" - e nos divertimos tentando soltá-lo. Um chinezinho, de uns 20 anos, veio falar com a gente, em um bom inglês. Garoto esquisito. A conversa foi engraçada. Ele dizendo que tinha uma história por trás dos balões, mas não dizia qual era ("vocês tem que assistir mais filmes sobre a história da China") e que ia pra faculdade, mas não dizia o que estudava ("é melhor do que ficar em casa jogando vídeo game"). Rendeu algumas risadas.

A noite terminou em uma das duas baladas da cidade. Também engraçado. Um bar muuuuuito anos 80, escuro, com uma dezena de chinesinhos bebendo e jogando dados. Um pequeno palco no centro era a atração, onde de tempos em tempos uma go-go-girl subia e dançava, e um cara de cabelo esquisito (os chineses são muito criativos pra cabelos) cantava.

E foi isso. Nosso motorista - muito chique isso - nos esperava do lado de fora. Voltamos para o hotel e hoje eu voltei para Xangai.

E claro, já estou aqui morrendo de saudades do Bello, que vem pra cá no sábado.

Volto em breve com mais das minhas vivências - seja em Xangai ou onde mais eu desbravar.

Um abraço,

Frô

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Criando lembranças



*Imagem do site Zetaprints



Fui presenteada à alguns dias com e-mails de amigas minhas com fotos antigas, com lembranças que me fizeram reviver vários momentos felizes ao lado delas. Pra continuar esse saudosismo, fiquei vendo outras fotos minhas, antigas, de viagens, amizades e amores.

Desliguei o computador e fui fazer mais lembranças: fui comemorar o meu aniversário. Tirei mais fotos, construí mais momentos.

Hoje eu acordei de madrugada e vim com o meu italiano Bello para MeiCheng, onde ele mora e está nesse minuto trabalhando em pleno feriado. Aqui é um pedaço de fim de mundo, mas é onde eu estou construindo mais momentos, mais lembranças.

E ele, no meio dessa viagem (que acabou demorando 6 horas ao invés de 3 já que não conseguimos passagem no trem ou em um ônibus direto), começou a perguntar do meu ex-namorado (o francês pinguim). Ele fez várias perguntas e, enquanto eu respondia, fui ficando chateada. Por mais que o pinguim esteja no passado, ele me magoou.

O Bello então parou e disse que não quer me ver chateada, que estava muito feliz por eu ter vindo pra onde o Judas perdeu as botas com ele, e que ele ia fazer o possível pra me fazer feliz. Eu encerrei a conversa dizendo que, apesar de eu já ter quebrado a cara várias vezes, continuo acreditando no amor.

Isso tudo me fez perceber que somos uma mistura de vários acontecimentos, tudo o que vivemos vai pra esse grande calderão de memórias, e tudo contribui para nossas mudanças pessoais. Que bom, que bom que vivemos coisas novas, que mudamos, que nos permitimos.
E viva todos os altos e baixos da minha vida.

Como diz o meu querido Daniel Carlomagno: "Quer me enlouquecer é dizer que viveu por viver e não valeu nem um dia sequer" (dá pra baixar o CD 'na faixa' aqui).

Fico por aqui, construindo mais lembranças nos lugares mais remotos.

Beijos,

Frô.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

3.0 primeiro na China





Parabéns pra mim! Faço 30 anos, mas continuo com um corpinho de 29.

Fiz aniversário primeiro na China, aqui na terra do futuro. Esse fuso de 11 horas às vezes ainda prega umas peças na gente. Hoje à noite tem comemorações e, apesar de ser feriado nacional aqui na China, muitos dos meus amigos não viajaram e vão comemorar essa data especial comigo.

Não vou ficar aqui pensando no que eu fiz ou devia ter feito até aqui. Não me arrependo de nenhuma escolha que fiz. Estou é ansiosa para viver os meus próximos 30 anos plenamente, onde quer que seja, com quem quer que seja.

Amigos que estão longe, saibam que apesar de não estarmos juntos para celebrar esta data, vocês estão no meu coração!

Um beijo balzaquiano,

Frô