domingo, 15 de agosto de 2010

Mais longo que a muralha da China


* Postado originalmente em 02/02/2010 no morandonacabeca.typepad.com

Notícias da terra do sol nascente.

Sei que dei uma abandonada aqui no blog e que tá todo mundo curioso para saber do que se passa aqui do outro lado do mundo. Mas além de estar super corrido por aqui, o governo chinês me fez o favor de bloquear o acesso ao meu blogger, então por hora vocês me encontram neste endereço.

Explicando do começo: recebi uma proposta para trabalhar em uma outra empresa de eventos. A proposta inicial era para São Paulo, mas em poucos dias eu recebi uma oferta para vir para Xangai e aqui estou. Faz alguns anos que trabalho em empresas organizadoras de feiras de negócios e vim para trabalhar na maior feira do mundo (e o terceiro maior evento do mundo, atrás apenas das Olimpíadas e da Copa): a World Expo. Esta feira existe há mais de 100 anos e acontece a cada cinco anos em um país diferente do mundo. O objetivo é promover países inteiros em diferentes segmentos da economia, sempre mostrando tecnologia de ponta e seguindo um tema dos organizadores. Foi para este evento que construíram a Torre Eiffel em Paris e foi quando Santos Dumont fez os seus primeiros vôos. Este ano em Xangai a Expo terá a duração de 6 meses, com mais de 5 km², contará com a participação de 200 países e receberá aproximadamente 70 milhões de visitantes (mais info em http://en.exposhanghai2010.com.cn).

Peixe vendido.

Bom, nas duas primeiras semanas fiquei em um hotel enquanto eu procurava um apartamento. Uma amiga chinesa que também trabalha lá na empresa me ajudou com muita coisa. Eu não falo chinês e, apesar de Xangai ser uma das cidades mais internacionais da China, ainda é difícil se comunicar só com o inglês. De cara já senti a diferença: cheguei e estava nevando. O pessoal do escritório me recebeu super bem. Na minha equipe tem mais dois brasileiros e uma galera de expatriados: alemã, francês, croata, australiano, paquistanês e por aí vai.

Agora já estou instalada no meu apê (uma graça, se eu tivesse acesso ao Youtube vocês iam ver – qualquer hora eu posto umas fotos) e estou curtindo bastante meu cantinho, arrumando tudo. Daqui eu vou a pé para o escritório e, apesar de morar um pouco longe do centro e de uma estação de metrô, gosto do bairro e é bem conveniente – com um shopping e um parque bem ao lado, também dá pra ir a pé.

Como tenho muito coisa pra contar, vou tentar resumir em tópicos:

- Comida: muito boa, mas com ressalvas. No geral se encontra de tudo aqui e os pratos mais comuns são com carne, frango, peixe ou porco, com arroz, macarrão, legumes ou na sopa. Pratos bem saborosos e extremamente baratos – comida de praça de alimentação de shopping sai por 5 reais incluindo a bebida. Existem alguns ingredientes bem estranhos, como pepino do mar, cobra, frango preto, olho de peixe e tartaruga, mas no geral tudo é bem gostoso. A ressalva fica por parte do ajinomoto (em excesso em tudo quanto é prato) e nas carnes, que tem um sabor meio adocicado.

- Bebida: refrigerantes e sucos de praxe, e mais alguns com frutas diferentes. Bastante chá. Um detalhe é que a água que te servem vem sempre quente, mas com o frio você se acostuma rápido. A cerveja local também é bem gostosa (e nem sempre gelada). O café até que é bom, mas descobri que é mais fácil tomar café amargo do que aprender a falar “açúcar” em chinês. Também tem Starbucks aqui em tudo quanto é lugar.

- Hábitos: claro que são diferentes. Os chineses são geralmente amigáveis e pacíficos e têm algumas semelhanças com os brasileiros – como querer agradar e ser vendedor nato e ainda contar com o tal 'jeitinho' – mas se consegue ver claramente as diferenças. Chinês com certeza não é conhecido pela higiene e cospem e mijam em qualquer lugar. Dirigem igual malucos (e eu que achava dirigir em São Paulo era difícil), buzinam o tempo inteiro e atravessar rua aqui é sempre um desafio. É hábito aqui fazer massagem após o trabalho ou ir a uma casa de chá. Dormem cedo. Quando uma loja ou restaurante diz que fecha às 10 da noite, acreditem, fecha mesmo – eles começam a colocar as pessoas pra fora quando dá 10 em ponto.

- Transporte: Xangai tem uma excelente rede de metrô – limpa, segura, grande e barata. Táxi aqui também é uma pechincha, 15 minutos custa 5 reais. Detalhe é que os taxistas não falam uma palavra em inglês – e não adianta escrever o endereço, porque eles também não conseguem ler o nosso alfabeto. Sobram duas opções: ou você aprende a pronunciar (direito) o nome das ruas e fala sempre um cruzamento (eles não sabem se localizar muito com o número da casa), ou você pede pra algum chinês escrever o endereço no alfabeto local.

- Vida noturna: pra chinês diversão é comer (e olha que as chinesas são todas magérrimas), mas há muitas opções para bares e baladas, muitas mesmo. Até agora só fui em um balada (Sky – legal, pista pequena, música predominante hiphop e pop) e alguns bares de estrangeiros. É difícil achar chinês bonito (e sem dentes podres) – até agora eu só vi na TV. Mas em Xangai tem bastante estrangeiro e dá pra se virar bem em paquera por aqui.

Ai, tem mais um zilhão de coisas pra contar mas vou deixar pra próxima (se você tem alguma curiosidade específica pode perguntar, estou longe de ser uma especialista em China mas posso passar a minha visão até agora).

Volto em breve com mais do 'Morando versão China'.

Inté,

Hao Lu (vulgo Frô).

Ps. Isso é algo que comi na semana passada. Quem adivinhar o que é ganha um exemplar.


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