domingo, 15 de agosto de 2010

O filme, o livro e a exposição de arte


* Postado originalmente em 24/07/2010 no morandonacabeca.typepad.com


Filme-livro-exposicao


Notícias da China. Ou melhor, de dentro da minha cabeça, que é na verdade sem fronteiras e não está limitada apenas aqui no continente asiático - muito pelo contrário, minha mente é viajante, muito mais do que eu.

Hoje eu publico um post triplo tratando de assuntos distintos, mas nem tanto:

O filme: Este é um filme muito esperado. O lançamento está previsto para 13 de Agosto nos Estados Unidos e para 01 de Outubro no Brasil - e ainda sem data marcada para estrear na China, mas com certeza eu já vou ter visto DVD pirata antes da estréia, de tão ansiosa que estou para assistir. Estou falando do "Comer, Rezar, Amar". O filme é uma versão do livro de mesmo nome da autora Elizabeth Gilbert. Eu estou lendo o livro no momento e adorando. Trata-se da história de uma mulher que, após um doloroso divórcio, decide passar um ano viajando pelos três "I's"- Itália, Índia e Indonésia - em busca de si mesma, e passando pelas experiências citadas no título: comer, rezar e amar. O livro é uma delícia e é impossível não se identificar com a personagem - na verdade é uma história real, a mulher que se divorcia é a própria Elizabeth, que no cinema vai ser vivida pela Julia Roberts. O filme ainda conta com a participação do meu mais novo ator favorido: Javier Bardem (vocês assistiram "Vicky, Christina, Barcelona"? Ai, ai). Bom, ao invés de ficar lendo sobre o filme, melhor mesmo é assistir o trailer (clique aqui).

O livro: Um dos livros mais polêmicos que já vi. Estou curiosa, mas não sei nem se eu chegaria a lê-lo de tão controvérsio que é. O nome do livro é "Shanghai Girls: Unscensored and Unsentimental" que em português é algo como "Garotas de Xangai: sem censura e sem sentimentos". Li uma entrevista com a autora, Lan Lan, em uma revista aqui da China. O livro é simplesmente um guia para "escaladoras sociais", ou seja, mulheres que se casam somente por interesse, buscando melhorar de vida e dar o golpe do baú. Conversando com várias pessoas aqui na China percebi que esse tipo de comportamento é quase que unânime entre as Xangainesas - pode ser que uma ou outra escape, mas existe um traço cultural muito forte entre as mulheres locais que é sim fácil de se notar: a clara percepção que elas estão sempre atrás de um marido rico. No livro, as lições para se alcançar esses objetivos são bem diretas, como "fique grávida", ou "arranje um primeiro marido temporário, não tão rico, para que você suba aos poucos os degrais da sociedade", ou "tente ganhar o máximo de jóias possíveis, finjindo entrar em joalherias por acaso quando você já escolheu o seu presente previamente", ou ainda "consiga o que você quer dos homens com sexo, eles são fáceis de se ludibriar". Chocante, não? É claro que a crítica está acabando com a autora (nem tudo está perdido!). Discutindo o tema com amigas, realmente não acho que uma mulher que se casa só por interesse seja feliz e acho muito fútil fazer disso o seu grande objetivo de vida. Mais detalhes aqui e aqui.


A
exposição de arte: Fui esses dias a uma um museu aqui em Xangai para abertura de uma exposição sobre arte contemporânea da Indonésia. Não sou tão chegada a museus. As obras eram interessantes, mas nenhuma despertou muito a minha atenção. E durante o (looooongo) discurso de abertura reparei nas pessoas a minha volta e realmente não acho que me encaixo muito neste meio. O que sobrou de interessante da noite foi uma pessoa que conheci, um artista alemão que está aqui a trabalho. Após uma instalação que ele fez no pavilhão da Alemanha, ele está continuando um de seus projetos pessoais: o "amigo grátis". Trata-se de uma instalação por uma semana em um imóvei comercial vazio qualquer em uma rua agitada de Xangai. Dentro do imóvel, ou "loja" como o artista chama, teria somente um número de telefone em um dos cantos, com a frase "amigo grátis". Ele quer estudar a reação das pessoas que ligam para o número e, como já aconteceu com a mesma experiência realizada por ele em cidades da Russia e da Espanha, filmar os encontros com essas pessoas que procuram desesperadamente por um amigo, mesmo que seja esse ilustre desconhecido. Esse é um passo a mais do que o já famoso movimento do "abraço grátis". Interessante, porém, pra mim soa um pouco triste saber que tantas pessoas em diferentes partes do mundo precisam desesperadamente de um amigo a ponto de ligar para o número de um completo desconhecido. Quanta solidão. Prefiro dar boas gargalhadas com minhas amilgas.

Por hora esses são meus pensamentos. Voltarei em breve com mais notícias fresquinhas aqui da terra... dos meus neurônios.

Frô.


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